Pesquisadores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) desenvolveram um gel cicatrizante veterinário inovador, produzido a partir de colágeno extraído da pele da tilápia. O produto tem apresentado resultados promissores no tratamento de feridas em cães e gatos, com retração visível do tecido lesionado já na primeira semana de aplicação. A iniciativa é conduzida por alunos e professores do Departamento de Ciências Farmacêuticas e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da instituição.
O gel é formulado com um hidrolisado de peptídeos de colágeno, obtido por meio de um processo de hidrólise realizado no laboratório da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no campus de Jandaia do Sul. Após chegar à UEPG em forma líquida, o material passa por um processo de secagem e é transformado em pó, sendo então incorporado à formulação farmacêutica em forma de gel. A pesquisa teve início há cerca de quatro anos, com o objetivo de testar a eficácia terapêutica do ativo, e hoje envolve ensaios biológicos, análises físico-químicas e testes clínicos em animais.
O projeto é coordenado pelo professor Flavio Luís Beltrame, que destaca os avanços obtidos até o momento. Segundo ele, o gel promove uma reestruturação da pele lesionada, acelerando o processo de cicatrização. A pesquisa começou com o trabalho do médico veterinário Rodrigo Tozetto, então mestrando do programa, que hoje dá continuidade ao estudo em nível de doutorado. Os testes foram realizados tanto in vitro quanto in vivo, e os resultados indicam que o produto tem ação antimicrobiana e cicatrizante superior a outras alternativas disponíveis.
Atualmente, o grupo acompanha 44 animais em tratamento, aplicando o gel duas vezes ao dia. O tempo de recuperação varia conforme o estado de saúde de cada animal, mas os pesquisadores estimam que o processo completo de cicatrização leve cerca de 35 dias. A formulação também está sendo estudada em outras formas farmacêuticas, como o hidrogel, que passa por testes de estabilidade em diferentes condições de temperatura e umidade.
Um dos casos acompanhados pela equipe é o da gata Pixy, resgatada com feridas nas pernas e na barriga. A doutoranda Anna Claudia Capote relata a evolução do tratamento, destacando a melhora significativa do quadro clínico da felina, que hoje apresenta comportamento ativo e brincalhão.
O projeto recebeu reconhecimento no Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime), iniciativa da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), em parceria com a Fundação Araucária e o Sebrae-PR. A equipe da UEPG foi premiada com um certificado de excelência e um cheque simbólico de R$ 200 mil, valor que será investido na ampliação da produção e no desenvolvimento de novos produtos derivados da mesma tecnologia. A expectativa é que as patentes geradas possam atrair parcerias com universidades e empresas interessadas na comercialização do gel cicatrizante.
(Com infos de Agência Paraná)

