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Com ventos de 250 km/h, tornado de Rio Bonito do Iguaçu pode estar entre os mais fortes do Brasil

Foto: Simepar

O município de  **Rio Bonito do Iguaçu**, no centro-sul do Paraná, viveu na tarde de **sexta-feira (7)** um dos episódios meteorológicos mais violentos de sua história. Um **tornado de categoria F2**, segundo o **Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná)**, varreu parte da cidade com **rajadas que chegaram a 250 km/h**, provocando destruição em larga escala e deixando ao menos **cinco pessoas mortas e dezenas de feridos**.

O fenômeno se formou durante uma forte tempestade que atingiu o estado, derrubando casas, veículos e árvores inteiras. A força do vento foi tamanha que construções de alvenaria ficaram parcialmente destruídas e caminhões foram arremessados por vários metros.

“Os danos observados indicam ventos compatíveis com a categoria **F2 da Escala Fujita**, que varia entre **181 e 252 km/h**. Há indícios, no entanto, de que em alguns pontos isolados as rajadas **ultrapassaram os 250 km/h**, o que pode elevar o evento para **F3**, um nível raríssimo no Brasil”, informou o Simepar em nota oficial.

Um dos mais fortes já registrados no país

Embora tornados sejam mais comuns no sul do Brasil, fenômenos com essa intensidade são incomuns. Estudos da Unicamp apontam que o país registrou cerca de **200 tornados entre 1990 e 2010**, mas a maioria deles apresentou ventos bem abaixo dos 200 km/h.

Eventos comparáveis ocorreram em **Guaraciaba (SC), em 2009**, e **Itu (SP), em 1991**, ambos classificados como **F4**, com ventos que ultrapassaram os 330 km/h. Mais recentemente, **Indaiatuba (SP)** também registrou um tornado de grande intensidade, em 2005.

Caso seja confirmada a hipótese de que o tornado de Rio Bonito do Iguaçu ultrapassou a marca dos 250 km/h, o episódio **entrará para a lista dos mais intensos e destrutivos do país nos últimos 20 anos**.

**Destruição e comoção**

A **Defesa Civil do Paraná** relatou que dezenas de casas foram completamente destruídas e centenas de famílias ficaram desabrigadas. A energia elétrica foi interrompida em boa parte da cidade, e o abastecimento de água também foi afetado.

“Foi questão de segundos. O vento veio rugindo, e quando percebi, minha casa não existia mais”, relatou uma moradora ao portal *Diário do Sudoeste*.

Imagens aéreas divulgadas por equipes de resgate mostram um rastro de destruição típico de tornados de alta intensidade, com árvores arrancadas pela raiz e estruturas metálicas retorcidas a centenas de metros de distância de onde estavam.

**Fenômeno raro, mas recorrente**

O Paraná e Santa Catarina estão entre os estados mais propensos à formação de tornados no Brasil, devido à combinação de **massas de ar quente e úmido vindas da Amazônia com frentes frias do sul do continente**. Essa mistura cria as chamadas **supercélulas**, tempestades de grande porte capazes de gerar redemoinhos de vento extremamente fortes.

Segundo o Simepar, há registro de **três a quatro tornados por ano** no estado, mas a maioria é de baixa intensidade (F0 ou F1). “O que vimos em Rio Bonito do Iguaçu foi algo excepcional, pela força e pelo impacto urbano direto”, explicou o meteorologista **Samuel Braun**, do Simepar.

**Investigações continuam**

Uma equipe técnica deve visitar as áreas afetadas nos próximos dias para realizar uma **análise detalhada dos danos**. O estudo poderá confirmar se a intensidade do tornado chegou, de fato, ao patamar **F3**, com ventos entre 253 e 331 km/h.

Enquanto isso, o município tenta se reerguer. Equipes da **Defesa Civil**, **Corpo de Bombeiros** e **Forças Armadas** atuam no resgate de vítimas, na limpeza das vias e na reconstrução das casas.

Mesmo sem a confirmação final, o episódio de Rio Bonito do Iguaçu já é considerado **um marco meteorológico** no Brasil — uma lembrança dramática de que os tornados, embora raros, **são uma realidade cada vez mais presente no clima extremo do país**.

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