Os Estados Unidos anunciaram a retirada de tarifas para 200+ itens agrícolas, incluindo produtos estratégicos da pauta brasileira, como café, sucos de frutas, cacau, alguns cortes de carne bovina, chá, temperos e fertilizantes.
O recuo foi oficializado em decreto do governo norte-americano e vale inclusive para mercadorias importadas desde 13 de novembro, com possibilidade de reembolso tarifário.
A decisão faz parte de um pacote de medidas voltado ao combate à inflação de alimentos nos EUA, que vinha sendo pressionada pela política tarifária dos últimos meses.
Quais produtos brasileiros foram beneficiados
Entre os itens de maior relevância para o Brasil que entraram na lista de isenção estão:
- Café verde e torrado
- Sucos e frutas tropicais (laranja, banana, manga)
- Alguns cortes de carne bovina
- Cacau e derivados
- Chá e especiarias
- Fertilizantes selecionados
Esses produtos compõem uma fatia expressiva da exportação agro brasileira para o mercado norte-americano.
Setor comemora, mas alerta para tarifas que permanecem
Apesar da boa notícia, especialistas e lideranças do agro ressaltam que o cenário ainda está longe de normalizado.
Isso porque permanece ativa uma sobretaxa de 40% sobre diversos itens exportados pelo Brasil — incluindo café, carne bovina e frutas tropicais — imposta no pacote anterior de tarifas dos EUA.
O vice-presidente Geraldo Alckmin reconheceu a importância do recuo, mas destacou que o setor segue pressionado:
“É um alívio pontual, mas a manutenção da tarifa adicional de 40% em muitos produtos ainda distorce a competitividade do agronegócio brasileiro.”
Especialistas analisam os impactos no curto e no médio prazo
Para o economista e analista de comércio exterior Pedro Silva, a retirada de tarifas representa um avanço significativo para o agro brasileiro:
“Essa decisão traz um fôlego imediato para exportadores de café, carnes e frutas. Mas a estrutura tarifária ainda penaliza itens estratégicos que enfrentam a sobretaxa de 40%. O Brasil recupera parte da competitividade, mas não totalmente.”
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também destacou que, embora positiva, a medida não encerra a necessidade de diálogo bilateral:
“Esperamos que essa isenção inicial abra caminho para uma negociação mais ampla, que elimine as tarifas que seguem prejudicando setores-chave do agro.”
Diplomacia segue atuando para ampliar o alívio tarifário
Nos bastidores, o governo brasileiro intensifica sua articulação diplomática. A retirada parcial das tarifas é vista como resultado direto da pressão técnica e política dos últimos meses.
O Itamaraty e o Ministério da Agricultura trabalham para ampliar a lista de itens isentos e reverter a sobretaxa de 40%, considerada a principal barreira atual para o fluxo comercial.
O que esperar daqui para frente
Apesar do otimismo moderado, especialistas afirmam que:
- o impacto real dependerá da retomada dos volumes exportados;
- a competitividade frente a concorrentes com tarifas menores ainda é um desafio;
- alguns setores podem redirecionar parte da produção para outros mercados enquanto aguardam novas rodadas de negociação.
Para o agronegócio brasileiro, o recuo dos EUA é um sinal positivo — mas ainda insuficiente para garantir estabilidade no comércio bilateral.

