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Trigo bate recorde histórico de produtividade com redução de área plantada

trigo
31.09.2021 - Plantação de trigo, região de Tibagi/Pr Foto Gilson Abreu/AEN

A colheita do trigo segue em ritmo acelerado no Paraná e deve confirmar um recorde histórico de produtividade, segundo o Boletim de Safra divulgado nesta quinta-feira (30) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Mesmo com as dificuldades impostas pelas chuvas durante o ciclo, o Estado caminha para superar os 3.173 kg/ha de 2016, alcançando médias acima de 3.300 kg por hectare.

Até o momento, 83% dos 819 mil hectares semeados em 2025 já foram colhidos. As lavouras restantes, concentradas no Sul, apresentam expectativa ainda melhor, segundo o coordenador da Divisão de Conjuntura do Deral, Hugo Godinho.

“As condições climáticas nas últimas semanas favoreceram a secagem dos grãos e impulsionaram a colheita. O desempenho é excepcional, considerando o déficit hídrico e as geadas enfrentadas no ciclo”, explica.

Apesar da produtividade recorde, a produção total será menor que em anos anteriores, reflexo da redução de 25% na área plantada em relação a 2024. A estimativa é de 2,75 milhões de toneladas, 18% acima da safra passada (2,32 milhões), mas ainda distante das 3,66 milhões de toneladas de 2023.

Mesmo com esse bom desempenho, o volume não será suficiente para atender à demanda da indústria moageira paranaense. O Estado deve seguir importando trigo de outras regiões e países. O Rio Grande do Sul continua liderando a produção nacional.

Em relação ao mercado, o produtor recebe em média R$ 64,00 por saca, valor abaixo do custo variável de produção, estimado em R$ 73,00. Há um ano, a expectativa era de R$ 76,00 por saca.


Soja mantém protagonismo e avança com clima favorável

Com 5,77 milhões de hectares plantados, a soja reforça sua posição como principal cultura do Paraná. Segundo o analista do Deral Edmar Gervásio, 71% da área já foi semeada dentro do calendário ideal. As chuvas recentes têm favorecido o desenvolvimento das lavouras.

“A expectativa é de concluir o plantio até a primeira quinzena de novembro, com boas condições para plantio e colheita. Devemos ter uma safra próxima do recorde”, afirma.

Os preços da oleaginosa mantêm estabilidade entre R$ 115,00 e R$ 122,00 por saca nos últimos três meses. Nacionalmente, a Conab prevê uma produção recorde de 177,64 milhões de toneladas, 3,6% acima da anterior, considerando condições climáticas normais.

Milho cresce 20% em área e vive bom momento de preços

O milho da 1ª safra deve ocupar 337,8 mil hectares, aumento de 20% sobre o ciclo anterior, impulsionado pela redução no cultivo de feijão. A produção pode variar entre 3,5 e 4 milhões de toneladas.

O preço médio se mantém estável, em torno de R$ 52,00 por saca, valor 8% inferior ao do ciclo anterior, mas acima do custo variável, estimado em R$ 40,00.

“O milho vive um bom momento de mercado. Com a rentabilidade atual, o produtor tende a optar por ampliar o plantio”, observa Hugo Godinho.


Hortifrutis mostram retração em batata e cebola, mas estabilidade no tomate

O boletim também aponta tendências nas culturas de batata, tomate e cebola.
A batata da 1ª safra apresentou queda de 5% na área (de 17,5 mil para 16,7 mil ha) e redução de 10% na produção (de 584,2 mil t para 527,7 mil t). Já a 2ª safra mostra leve crescimento, com 10,5 mil ha e 309,2 mil toneladas estimadas.

O tomate da 1ª safra mantém estabilidade, com 2,5 mil ha e produção de 171,7 mil toneladas. Na 2ª safra, houve retração de 26%, reflexo de menor área e queda de rendimento.

A cebola foi a cultura com pior desempenho: queda de 15% na área plantada (de 3,2 mil para 2,8 mil ha) e redução de 17% na produção (de 129,1 mil t para 107,6 mil t).

“A cebola tem peso relevante no consumo cotidiano, e essa retração pode pressionar preços ao consumidor”, explica o engenheiro agrônomo do Deral Paulo Andrade.


Suínos e lácteos registram reação positiva

O Boletim Conjuntural Semanal, também divulgado nesta quinta (30), destaca o melhor desempenho do ano para a suinocultura paranaense.
O preço médio do quilo do suíno vivo chegou a R$ 7,16 em setembro, o maior valor de 2025, com margem positiva de R$ 1,39/kg sobre os custos de produção estimados pela Embrapa Suínos e Aves.

O setor lácteo também mostra recuperação, com importações estabilizadas e crescimento nas exportações de soro de leite. Já a fruticultura mantém diversificação e força econômica, com destaque para Paranavaí, Curitiba, Jacarezinho, Cornélio Procópio e Maringá, responsáveis por quase dois terços do Valor Bruto da Produção (VBP) de frutas no Estado.


📊 Panorama

O Paraná encerra outubro de 2025 com resultados sólidos e diversificação produtiva, confirmando sua posição como um dos principais polos do agronegócio brasileiro — com trigo recordista, soja estável e milho em expansão.

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