O produtor de trigo do Paraná vive um momento de alerta. Segundo levantamento da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado (Seab), a saca de 60 quilos é comercializada a R$ 64,10, valor 19% inferior ao preço mínimo de R$ 78,51 definido pela Conab para o tipo 1 na região Sul.
Com isso, o preço atual não cobre o custo variável de produção, o que coloca milhares de agricultores em situação de prejuízo.
FAEP aciona Conab e pede medidas urgentes
Diante do cenário, o Sistema FAEP enviou ofício à Superintendência Regional da Conab no Paraná solicitando apoio na comercialização do trigo. A entidade pede a liberação de recursos para execução dos leilões de PEP (Prêmio para Escoamento de Produto) e Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor), instrumentos que ajudam a garantir o preço mínimo e a reduzir as perdas dos produtores.
“O preço pago atualmente está abaixo do custo de produção, o que deixa nossos produtores rurais no prejuízo. Precisamos de políticas públicas que assegurem renda mínima, ainda mais quando se trata de um produto essencial para a alimentação”, afirma Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema FAEP.
💰 Custos em alta e juros pesam no bolso do produtor
Segundo Cleverson Mattei, presidente do Sindicato Rural de Coronel Vivida, os custos de produção estão pressionados pelo aumento dos insumos agrícolas e pelas taxas de juros elevadas no financiamento do custeio da safra.
“Somando os gastos com Proagro e financiamentos, as taxas representam cerca de 35% do custo de produção”, explica Mattei.
Mesmo com boa produtividade e qualidade de grãos, a conta não fecha. Para cobrir os custos atuais, o produtor precisaria colher 58 sacas por hectare, mas a média estadual é de 50 sacas, conforme dados da Seab.
🌾 Safra maior, renda menor
Na atual temporada, o Paraná destinou 818,9 mil hectares ao cultivo de trigo, com estimativa de colher 2,7 milhões de toneladas — 18% a mais que na safra anterior. Apesar do avanço na produção, o retorno financeiro segue abaixo do esperado.
“Nosso pedido é que o governo viabilize os leilões de PEP para garantir a compra do trigo pelo preço mínimo. Isso ajudaria o agricultor a, pelo menos, não sair no prejuízo”, reforça Mattei.
📉 Expectativa do setor
Com o mercado pressionado, o setor aguarda uma resposta da Conab e do governo federal para evitar que o trigo paranaense — símbolo da força agrícola do Sul — se transforme em sinônimo de prejuízo e desestímulo no campo.
